Notícias

Jun 19, 2023

Exclusivo: empresa chinesa importou cobre da Rússia

As bandeiras da China e da Rússia são exibidas nesta ilustração tirada em 24 de março de 2022. REUTERS/Florença Lo/Ilustração 14 de abril (Reuters) - Uma empresa chinesa comprou pelo menos US$ 7,4 milhões em

As bandeiras da China e da Rússia são exibidas nesta ilustração tirada em 24 de março de 2022. REUTERS/Florence Lo/Illustration

14 de abril (Reuters) - Uma empresa chinesa comprou pelo menos 7,4 milhões de dólares em lingotes de liga de cobre de uma fábrica em uma região da Ucrânia anexada pela Rússia que está sujeita a sanções ocidentais, de acordo com dados alfandegários russos revisados ​​pela Reuters.

A China não impôs quaisquer restrições ao comércio com a Rússia, mas os Estados Unidos ameaçaram colocar na lista negra empresas de todo o mundo por violarem as suas sanções e alertaram Pequim contra o fornecimento a Moscovo de produtos proibidos pelas regras de exportação dos EUA.

As informações alfandegárias, extraídas de um fornecedor de dados comerciais e cruzadas com dois outros, mostram algumas das primeiras evidências de comércio chinês com regiões da Ucrânia anexadas pela Rússia desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022.

A empresa chinesa Quzhou Nova comprou pelo menos 3.220 toneladas de liga de cobre em lingotes no valor total de US$ 7,4 milhões da Fábrica de Engenharia Metalúrgica Debaltsevsky entre 8 de outubro de 2022 e 24 de março de 2023, de acordo com os dados.

A fábrica está localizada na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, perto da fronteira com Luhansk. Tanto Donetsk como Luhansk estavam entre as quatro regiões ucranianas que o presidente Vladimir Putin reivindicou em Setembro passado como parte da Rússia.

A Quzhou Nova, uma empresa comercial e industrial com sede na cidade de Quzhou, na província oriental de Zhejiang, disse à Reuters que não possui nenhum negócio de importação e exportação relacionado ao comércio de ligas de cobre em lingotes.

Quando a Reuters mostrou detalhes das exportações nos dados alfandegários para Quzhou Nova, a empresa disse em 23 de março que "tem dificuldade em compreender o documento, porque este documento não está carimbado e assinado", e sugeriu contactar a alfândega sobre o assunto.

O banco de dados, que coleta informações sobre todas as remessas em todo o mundo, não exibe carimbos ou assinaturas em suas informações.

Os serviços aduaneiros chineses não forneceram informações detalhadas sobre as importações. Afirmou que “os dados comerciais da empresa não são divulgados em nossas informações públicas”.

A China importou cobre e ligas de cobre no valor de 852 milhões de dólares da Rússia entre Outubro e Fevereiro, de acordo com estatísticas alfandegárias públicas.

Uma fonte da fábrica de Debaltsevsky, que falou sob condição de anonimato, disse que havia uma oficina de metalurgia de não ferrosos no território da fábrica. A fonte não quis comentar a questão dos embarques de ligas de cobre para a China, dizendo que a informação era um “segredo comercial”.

Contactado para comentar, o serviço alfandegário federal russo disse à Reuters que as informações sobre as empresas são confidenciais e não são divulgadas pelo serviço.

Quando questionado sobre o assunto na sexta-feira, o Kremlin disse não saber se a notícia da Reuters sobre a transação era verdadeira ou que provas estavam disponíveis. O Kremlin disse não ter informações sobre o assunto em si.

A fábrica de Debaltsevsky não respondeu aos pedidos de comentários da Reuters por telefone e por escrito.

A Ucrânia, os seus aliados ocidentais e uma esmagadora maioria de países na Assembleia Geral da ONU condenaram a anexação declarada das quatro regiões pela Rússia como ilegal.

As sanções dos EUA impostas em 21 de fevereiro de 2022, três dias antes da Rússia invadir a Ucrânia, proíbem as importações ou exportações dos EUA para as chamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk.

Dois dias depois, a União Europeia anunciou medidas, incluindo uma proibição de importação de mercadorias das duas regiões.

Embora as empresas chinesas sejam livres, no que diz respeito às suas autoridades, de negociar com empresas nas regiões da Ucrânia controladas pela Rússia, correm o risco de serem adicionadas às listas negras ocidentais.

Questionado sobre os dados dos embarques de cobre, o Departamento de Estado dos EUA disse estar preocupado com o alinhamento da China com o Kremlin.

"Advertimos a RPC (República Popular da China) de que a assistência ao esforço de guerra da Rússia teria consequências graves. Não hesitaremos em agir contra entidades, incluindo empresas da RPC, que ajudam a Rússia a travar uma guerra contra a Ucrânia ou ajudam a Rússia a contornar sanções." acrescentou em comunicado à Reuters, listando algumas empresas chinesas já sancionadas.